domingo, 9 de outubro de 2011

Pentecostes em Madri

"Há exatos trinta dias, encerrava-se em Madri a Jornada Mundial da Juventude, com uma missa presidida pelo Papa Bento XVI no aeródromo de Cuatro Vientos, à qual acorreram mais de dois milhões de jovens dos cinco continente. Cerca de 193 países estavam lá representados.
Na busca de palavras – que muitas vezes não são capazes de exprimir as experiências vividas ao longo da vida – que pudessem resumir o que foi passar uma semana numa Madri que teve sua população quase que duplicada, lembrei-me de At 2, 1-13: Pentecostes. Na altura do versículo 7, após o Espírito Santo vir sobre os Apóstolos, os “judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu” (At 2, 5), exclamaram estupefatos: “Não são acaso galileus todos esses que nos falam? Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos?”(At 2, 7). O Espírito Santo, em sua manifestação extraordinária como línguas de fogo – a que os teólogos dão o bonito nome de teofania – permitiu que os Apóstolos anunciassem a Boa Nova da Ressurreição em todos os idiomas possíveis, bem como que fossem compreendidos por todos os seus interlocutores.
Pois bem, esta experiência de Pentecostes foi vivida em plenitude nos dias da JMJ. E com certeza o grupo que comigo estava – os amigos que o Espírito suscitou em minha vida; sim, porque o Espírito também suscita relacionamentos duradouros – concordará. Como assim Pentecostes? Inicialmente, fizemos nossa pré-jornada num povoado chamado Brenes, a cerca de 20 Km de Sevilha, que por sua vez fica a sete horas de Madri. Foram três dias de convivência com as famílias de lá. Poucos de nós dominava o espanhol, contudo isso não prejudicou em nada nossa “comunicação” e entrosamento, a ponto dos jovens breneros derramarem lágrimas quando da nossa partida, dizendo que nós marcamos suas vidas para sempre. Como podem surgir relacionamentos tão profundos com um oceano de distância e algumas diferenças linguísticas? Coisas do Espírito... Inclusive com um grupo de libaneses que lá estavam, fizemos amizades duradouras, que rendem horas de conversa nas redes sociais. Cheguei ao ponto de fazer uma animação vocacional com uma jovem libanesa – eu aqui em Viamão, e ela lá. Ah, tecnologia...
De 16 a 21 de agosto, ficamos em Madri. Nesses dias, encontramos com ingleses, poloneses, ucranianos, austríacos, coreanos, indianos, franceses, indonésios... Estávamos todos lá pela mesma causa – o encontro com o Jesus Cristo e com o sucessor de Pedro – e isso nos unia; esse era o nosso idioma comum, que nos unia e criava entre nós laços de fraternidade.
O ponto alto desse clima “pentecostal” foi, sem dúvida, a grande vigília de Cuatro Vientos, iniciada em 20 de agosto, na qual o Santo Padre consagrou os jovens do mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Quando Sua Santidade chegou ao local da vigília, todos nós, dois milhões de jovens ansiosos por ver o sucessor do pescador de Cafarnaum, gritamos em coro, a um só espanhol: “Esta es la juventude del Papa... Benedicto!!!!!!” Espanhóis, brasileiros, ingleses, franceses, congoleses, todos gritaram numa única voz, tornando visível a ação do Espírito Santo que, dois mil anos atrás, numa manhã em Jerusalém, fez todas as nações da terra receberem o anúncio do Evangelho.
Pentecostes não é um fato do passado, é um evento atual, que se faz presente em cada comunidade que se reúne em torno do altar para celebrar a Eucaristia;  se fez presente em Madri, em Cuatro Vientos, e se fará presente no Rio de Janeiro em 2013, quando novamente o Papa virá se encontrar com os jovens, mostrando que a Igreja quer falar à juventude, a Igreja não quer ser uma fiscal da moralidade, ela quer  ser presença junto a essa porção da sociedade que está construindo sua vida e seu futuro. Jovens brasileiros, preparem-se para este grande Pentecostes em 2013."


21.09.2011
Fabiano Glaeser dos Santos

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amar a todos

Hoje é dia de São Francisco de Assis e devo dizer que ele é o máximo.
Desde que estudei a sua vida, me apaixonei por alguém tão amável e entregue a Deus. Sim, porque ele amava tudo e a todos - digo, animais, pessoas, plantas,...- e entregava a sua vida inteiramente a Deus. No mundo em que estamos vivendo hoje em dia, onde tudo é sobre o individual, que cada um tem que achar a sua felicidade, sentir prazer no outro se não não vale, seria ótimo termos vários São Franciscos por aí.
Só que isso pode sair da imaginação, da minha imaginação. É só amar tudo e a todos ;) Pode até parecer simples, mas não é. Como disse, o mundo tem seus vícios e, infelizmente, nós temos alguns deles. Sabe aquela frase de João Paulo II: "ser no mundo, não do mundo"? Pois é, temos todos que alcançar essa façanha, mas há de convir comigo que não é algo fácil. Algo que tu descobre no domingo e segunda já está pronto.
Pensa comigo: como posso amar aquela pessoa que me incomoda na aula, no trabalho? Como posso amar aquela chuva, se eu tenho que voltar de ônibus e assim fico com frio? Como amar aqueles 35º C de uma Porto Alegre úmida? Ou mesmo, como posso amar o meu irmão mesmo com todos, eu digo, todos os seus defeitos? Aquele familiar? Como? Como? Como? ...
Se nós formos pensar, nós estamos tanto no ritmo do mundo com todas aquelas loucuras de não parar pra respirar em nenhum momento de seu dia, nenhum momento para orar. Será que São Francisco está certo hoje mesmo tendo morrido há mais de 500 anos? Eu acredito que sim.
Lembro que li uma biografia dele e falava que no começo de sua vida como frade, o qual não possuía nada, ele tinha que contar com a doação de comida das pessoas. Só que ele, há pouco tempo, era rico e tinha tudo do melhor. Falava que ele sentia nojo no início e depois entregava tudo, pensava "se Deus me deu essa comida, é para eu comer", "se a mãe chuva resolveu se manifestar hoje no dia de frio, ela será a minha amiga e eu a agradecerei por tudo", ... Quantas vezes nós não tivemos nojo de coisas tão simples?
Teve uma vez que eu nunca senti tanta vergonha de mim. Estava tendo um galeto na minha paróquia e nós tínhamos que pegar os pratos e despejar o resto de comida em um saco de lixo. Tive nojo até o final, por pegar na comida e tudo - lembrando que eu estava de luvas. Uma guria da pão me disse "Por que tu está com nojo? Tem gente que vai comer isso". E era verdade, aqueles que não tem nada e não por sua opção iria comer aquilo e eu estava com nojo daquilo. Aquele dia foi um dia bem constrangedor pra mim, achei meio injusto da minha parte ter agido daquela forma.
Pode ser um exemplo bobo, mas mostra como nós estamos acostumados com o bom e o melhor, enquanto nós devíamos agradecer constantemente por estarmos vivos, tendo comida em casa e uma ótima cama para dormir. Comecei a dar valor para a minha cama depois da JMJ :P hehe
O triste da nossa caminhada de amadurecimento é que sempre devemos passar pelas piores situações para poder entender o poder de Deus e toda a sua grandeza. Pelo menos comigo é assim. E admiro muito aqueles que conseguem crescer em sua fé sem passar por nenhuma provação.

Voltando a São Francisco, quero deixar a sua oração aqui, já que resume tudo o que eu falei:

"Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna."
Fiquem com Deus